quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Até mais, Marlynho!



Eu só queria ter mais um tempinho com você!

A vida é um mistério. E lutar contra a morte é algo impossível. Quando pequeno tive uma cachorrinha (Mili) que se foi, mas deixou uma grande saudade. E não queria ter outro, para não passar por aquela situação novamente. Mas eu ganhei o Marley! Sim! Já veio com este nome por se parecer com o do filme “Marley e Eu”. A Elisa e o Nirlan me presentearam! Logo na primeira noite – com apenas dois meses, só conseguia dormir se minha mão estivesse sobre seu corpinho.
Marley foi achado na rua. Tinha a marca de um corte na cabeça – que peço a Deus que perdoe a pessoa que vez isso, e/ou o abandonou. Mas ao mesmo tempo, agradeço a esta pessoa por ter me dado à oportunidade de conhecer e conviver com esse cachorro-príncipe.
No dia seguinte que o ganhei, assisti ao filme, estava desvanecendo em lágrimas, só de pensar em um dia perder meu cãozinho recém-chegado. Comprei roupinha, ração, shampoo, condicionador, perfume, biscoitos, chicletes, mordedores, caminha, remédios e vacinas, tudo para dar a melhor vida que ele pudesse ter. Meus pais também, sempre o paparicavam da melhor forma.

Eu não sei se é coisa de Marley’s, mas ele fez quase todas as loucuras que o do cinema fez. Já briguei muito e eduquei também. Foi um cachorro muito bom, que quando queria comer um biscoito, após meu sinal com o dedo ele sentava esperando o brinde. Eu colocava o biscoito colado no focinho. Marley não comia, estava esperando um novo comando. Mas seus olhos “pidões” não deixavam demorar. Eu dizia: - Come Marley! – com toda a delicadeza abocanhava o biscoito, mastigando pausadamente. Isso se repetiu por todos os cincos anos que se sucederam.
 Ou se quisesse subir na cama, usava seu ultra poder do “olho triste”. Me dava dó: - Tadinho do Marley... – Uma patinha subia na cama. – Marley está com frio? – Mais uma patinha! – Você é muito dengoso? – pronto! Subia por completo.
Às vezes aprontava alguma coisa. Um dia foi meter o bedelho onde não era chamado, e cerca de cinco espinhos de um ouriço, entraram em seu focinho curioso, eu não conseguia extraí-los, fomos às pressas ao veterinário. Era umas dez horas da noite. Já sedado, segurei suas patas para que o médico retirasse os espinhos, cada um que saía, uma rajada de sangue o acompanhava, fui ficando tonto ao ver aquele líquido vermelho escuro. No dia seguinte, lá estava Marley cheirando as plantas.  
Perdi as contas de quantas vezes usei sua barriga como travesseiro, ou quantas vezes tive que ensinar onde era o local certo do xixi. Ou quem sabe, quantas vezes escalava os muros altos para namorar, quantos buracos na terra, quantos pelos brancos pelo chão, quantos pesadelos que tinha, quantas vezes me fez ri! Aposto que me ver triste, onde é que esteja, deve está sendo muito difícil. Todos os meus momentos de tristezas, ele sempre vinha como quem queria tirar a angústia de mim. E conseguia!
Quando soube da notícia (mensagem enviada por minha mãe), eu estava na sala de aula. Li e exclamei: Ai, meu Deus! – cobri meus olhos, mais não tinha como esconder o inevitável: as lágrimas.  
Aqueles insensíveis que não sabem, ou não dão importância para os que sofrem com a perda de seus animais, podem me julgar. Mas Marley foi um dos poucos amigos que tive! Tão poucos que cabem todos nos dedos de uma só mão.
O que lamento é que nunca mais o verei correndo quando eu chegava, e nunca mais verei seu rabinho  balançando. O dia treze de novembro ficará marcado para mim!

Até mais Marlynho, e se te encontrar um dia, morderei sua orelha e darei um abraço muito forte para arrancar a saudade que vou carregar no meu peito.